quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O amor...parte 2

O desprendimento é elemento essencial do amor. Só quando se sabe abstrair de si mesmo, e não se procura constantemente o elogio e o apreço por parte dos outros é que se é capaz de partilhar a vida de outra pessoa. Isto pressupõe um certo nível de amadurecimento e de independência, já que é necessário ter-se aceitado a si próprio antes de poder fazê-lo com outra pessoa, porque o amor implica em dar e não receber , receber é consequência .
Se uma pessoa diz a outra que a ama, a própria linguagem supõe a expressão “para sempre”. Não tem sentido dizer: – Amo-te, mas provavelmente só durará uns meses, ou uns anos, desde que continues a ser simpática e agradável, ou eu não encontre outra melhor, ou não fiques feia com a idade. Um “amo-te” que implica “só por algum tempo” não é um amor verdadeiro. É antes um “gosto de ti, agradas-me , sinto-me bem contigo, mas de modo algum estou disposto a entregar-me inteiramente, nem a entregar-te a minha vida”.
A entrega do corpo é a expressão dessa entrega total da pessoa. Porque o meu corpo sou eu, não é uma coisa externa, um agasalho ou uma máquina que eu uso, mas sou eu próprio. Precisamente por isso, o amor conjugal autêntico inclui, por si, o “até que a morte nos separe”. O matrimónio é entregar-se para sempre; entregar o corpo sem se entregar para sempre seria prostituição, a utilização da própria intimidade como objecto de troca: dar o corpo em troca de algo (ainda que esse algo seja o enamoramento), sem ter entregado a vida...

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